terça-feira, 23 de junho de 2015

É possível decidir caminhar ao encontro do diferente?

Nos dias atuais, em que brotam com significativa força e resistência, manifestações de grupos extremistas, torna-se muito oportuno aprofundar as relações entre as religiões no mundo contemporâneo. O texto da 9ª Sinfonia de Beethoven, compositor conhecido de todos, manifesta de forma incontestável, este desejo universal pela paz entre os povos.

O Concílio Ecumênico Vaticano II, com a Declaração Nostra Aetate, publicada em 28 de outubro de 1965, apresenta uma reflexão importante para todo o mundo católico, servindo de referência para diversas denominações religiosas. Neste cenário, poderá nascer uma integração possível entre os seres humanos, entendendo-se a religião como eixo existencial da maioria das culturas.

Acima de tudo, o compromisso da Igreja é com o bem comum e a fraternidade entre os povos que buscam a paz. O compromisso com o Evangelho é fundamental para a vida da Igreja. Esta fraternidade move homens e mulheres a construírem seu próprio destino no mundo, cada vez mais atravessado pelas diferenças e semelhanças entre os povos.

Ao penetrar no íntimo do coração humano, a religião busca estender os princípios norteadores que, basicamente, puseram os povos no caminho da construção e consolidação de suas culturas. De forma geral, o que o sujeito contemporâneo busca, através da religião, é um sentimento de irmandade, de comunidade, de algo em comum com o outro. Um ser humano que, no limiar da era digital, busca a fraternidade e a relação de irmãos.

Ao tomar alguns pontos importantes que são destaques atuais e aprofundá-los, tem-se o compromisso de garantir que o assunto não seja esquecido ou mal interpretado, especialmente nestes tempos, em que o diálogo entre as grandes religiões torna-se cada vez mais necessário e urgente.

Assim, é preciso buscar um caminho de promoção do diálogo, a partir do mútuo reconhecimento e estima entre as religiões. Ao reprovar qualquer tipo de discriminação e perseguição, especialmente a religiosa, enfatiza-se uma significativa mudança na forma de tratamento. Desde o Concílio Vaticano II, há um esforço intenso por parte da Igreja Católica, para fazer chegar a todos os seus membros, um novo vigor apostólico. Pautado pelo respeito, ciente dos erros do passado, a Igreja busca, pelo acolhimento e pelo testemunho de todos os seus membros, fazer um novo caminho de fraternidade entre as diversas manifestações religiosas.

Enfim, os que buscam compreender estes sinais dos tempos, é imprescindível que possam ser um ponto de referência e sentido, para ampliar as formas de diálogo. Aprender a conviver e buscar ações concretas que possam ampliar e solidificar o que une as várias referências religiosas, ultrapassando assim, o senso do ordenamento legal, para uma efetiva ação solidária e fraterna.

Ao observar tudo o que já foi feito neste caminho de fraternidade e respeito entre as religiões e o futuro das ações de diálogo inter-religioso, observa-se, nas palavras do Papa Francisco, um único objetivo comum: seguir em frente e não desistir, avaliando e valorizando cada passo.

Recentemente, o Papa Francisco recomendou aos Bispos do Benin, país africano de grande fortalecimento espiritual e pastoral e que, no seu olhar do Sucessor de Pedro, “é um exemplo de harmonia entre as religiões presentes no seu território”[1], um constante empenho missionário, necessário para que não morra o que já foi anunciado e que se preserve as raízes cristãs que subsistem naquele país africano. Não é possível acomodar-se com o que foi realizado até aqui. É preciso ir mais longe.


Papa Francisco com líderes religiosos (2014)

Preocupado com as recentes perseguições a cristãos em todo o mundo, o Papa alerta os bispos sobre a necessidade de um real encontro entre as culturas, assim como um diálogo entre as religiões, citando especialmente o Islã.

Com a finalidade de delinear a título de exemplo, de modo mais ou menos amplo, o que hoje acontece nos continentes africano e asiático, deparamo-nos, num primeiro olhar com este continente como um imenso desafio pastoral à Igreja. Ao mesmo tempo, este desafio provoca uma fonte de renovação da vida eclesial. Destes continentes, surge um novo e transformador sopro de vida para a Igreja, por extensão, a todos os demais continentes.

Recentemente, o Papa Francisco recomendou aos Bispos do Benin, país africano de grande fortalecimento espiritual e pastoral e que, no seu olhar do Sucessor de Pedro, “é um exemplo de harmonia entre as religiões presentes no seu território”[2], um constante empenho missionário, necessário para que não morra o que já foi anunciado e que se preserve as raízes cristãs que subsistem naquele país africano. Não é possível acomodar-se com o que foi realizado até aqui. É preciso ir mais longe.

Preocupado com as recentes perseguições a cristãos em todo o mundo, o Papa alerta os bispos sobre a necessidade de um real encontro entre as culturas, assim como um diálogo entre as religiões, citando especialmente o Islã.

Finalmente, é necessário que todos os que creem em um Deus que a todos observa, acompanha e anima, deem testemunho da fecunda transformação pessoal e da transformação existencial que fizeram, sendo luz a todos os que se colocam no caminho em busca do mistério último e inefável que envolve a nossa existência (NE, 1).

Fica o compromisso de todos os cristãos a fundamentar, em tempos de intolerância, um novo modo de manifestar a fé: pela compreensão do outro. Acolher cada qual com sua cultura e suas crenças, é imperativo diante do mundo que espera um criativo  testemunho daqueles que acreditam.


[1] L’OSSERVATORE ROMANO. Herança frágil. Papa Francisco aos Bispos do Benin. 27 abr. de 2015. Edição 2.362. p. 3.
[2] L’OSSERVATORE ROMANO. Herança frágil. Papa Francisco aos Bispos do Benin. 27 abr. de 2015. Edição 2.362. p. 3.

Nenhum comentário:

Postar um comentário