SEMANA DA FAMÍLIA
11 a 17 de agosto de 2019
"A família, como vai?"
“Glorifica o Senhor, Jerusalém! Ó Sião, canta louvores ao teu Deus!
Salmo 147, 12
No mês de agosto, de 11 a 17, acontecerá a Semana da Família. De
modo muito especial, somos chamados a refazer aquela pergunta que animou a
Campanha da Fraternidade de 1994; a mesma pergunta que fazemos quando
encontramos parentes e amigos que não vemos há muito tempo: a família, como vai?
Com esta pergunta, a Igreja no Brasil quer incentivar à reflexão sobre o tema
tão importante da família. Há 25 anos, aconteceu em Roma o Sínodo das Famílias
e o Papa São João Paulo II publicou naquela ocasião a Exortação Apostólica Familiaris Consortio, que produziu
muitos frutos em meio de toda a Igreja, chamando à responsabilidade sobre a
família e sua participação na Igreja. O entusiasmo daquele tempo formou a
Pastoral Familiar e ampliou o contexto da família, a partir da Amoris Laetitia, Exortação Apostólica
publicada pelo Papa Francisco em 2016.
Dirigir os holofotes sobre a
família, início e célula da sociedade, é comprometer-se com incluí-la no centro
das ações eclesiais. Assim como não é possível a Igreja sem a Sagrada Família
de Nazaré, Jesus, Maria e José, também não é possível a Igreja sem a família. E
a família deve ser, na Igreja, pensada e conduzida a partir da juventude. Os
jovens precisam ser orientados num sentido maior do amor, na doação generosa de
suas vidas ao outro, na partilha de seus afetos aos filhos. O entusiasmo da
juventude, portanto, deve ser dirigido à responsabilidade decorrente de
escolhas maduras que abram caminhos certos à família.
O tema da semana da família deste
ano quer nos desacomodar e questionar a própria existência da família na Igreja
e na sociedade. A boa nova do Evangelho traz para o centro, o amor humano.
Coloca o homem e a mulher em grau máximo de responsabilidade pelas suas vidas e
pelas vidas novas que geram. É preciso redescobrir a beleza da família a partir
da Iniciação à Vida Cristã, que somente tem sentido pleno e realizador, quando
alicerçada numa família que é testemunho real e sincero de sua busca pelo
Senhor, “enquanto ele se deixa encontrar” (Is 55,6).
A realidade da família
contemporânea encontra desafios que incluem a vocação dos filhos e a defesa da
vida como elementos basilares. O matrimônio, enquanto plano de Deus (Gn
1,26-31), nos aponta o caminho de amor e acolhida que Deus tem no para o gênero
humano. “Deus criou o ser humano à sua imagem, à imagem de Deus o criou, homem
e mulher os criou. E Deus os abençoou” (Gn 1,27-28a). O plano divino confere ao
homem e à mulher, a missão de “encher a terra” (Gn 1,28), dando como alimento,
tudo o que ele mesmo produziu para o homem e a mulher, sinais de seu amor por
toda a criação.
A partir dos laços naturais da
carne e do sangue, como nos diz o São João Paulo II, a família cristã é chamada
a fazer a experiência de uma comunhão nova e original, que confirma e
aperfeiçoa a comunhão natural e humana (Familiaris
Consortio, n. 21). Um destes
momentos fundamentais, como nos diz o Papa das Famílias, é construir uma
comunhão de pessoas, fazendo da família (...) um lugar onde vemos surgir o
cuidado e o amor para com os mais pequenos, dos doentes e os anciãos. Também
ela é um local onde todos os membros são chamados a “construir uma comunhão
(...) mediante o amor e o respeito. A autoridade dos pais sobre os filhos,
portanto, é irrenunciável como um “ministério” verdadeiro e pessoal, ou seja,
um serviço ordenado ao bem humano e cristão dos filhos” (FC, n. 21). A educação
para a liberdade verdadeiramente responsável é um dos urgentes desafios aos
pais na formação familiar em nossos dias.
“Pois reforçou com segurança as tuas portas, e os teus filhos em teu seio
abençoou”.
Salmo 147, 13
Deste modo, “o dever de educar
mergulha as raízes na vocação primordial dos cônjuges à participação na obra
criadora de Deus: gerando no amor e por amor uma nova pessoa, que traz em si a
vocação ao crescimento e ao desenvolvimento, os pais assumem, por isso mesmo, o
dever de ajudar eficazmente a viver uma vida plena” (FC, n, 36). São João Paulo
II, que muito escreveu sobre as famílias ao longo de seu pontificado, nos
alerta ainda que “o direito-dever educativo dos pais se qualifica como essencial, ligado como está à
transmissão da vida humana; como original
e primário, em relação ao dever de educar dos outros pela unidade da
relação de amor que subsiste entre pais e filhos: como insubstituível e inalienável e, portanto, não delegável totalmente
a outros ou por outros usurpável” (FC, n. 36). Assim, o que caracteriza a
educação dada pelos pais é o amor paterno e materno, como fundantes das
características próprias do cristão: a caridade como fonte de uma alma que
procura a Deus. Por outro lado, a marca indelével dos valores e do caráter dos
filhos, é essencial para dar forma à vida familiar saudável.
Pais e mães são chamados a educar
os filhos para os valores essenciais da vida humana, de modo próprio, sendo “a
primeira e fundamental escola de sociabilidade”. Neste contexto, é
“absolutamente irrenunciável a educação à castidade”, “opondo-se firmemente a
certa informação sexual desligada dos princípios morais, tão difundida, que não
é senão uma introdução à experiência do prazer e um estímulo que leva à perda –
ainda nos anos da inocência – da serenidade, abrindo as portas ao vício”. (FC
n. 37)
Aos pais ainda é dada a nobre
missão de educar os filhos a “todos os conteúdos necessários para o
amadurecimento gradual da personalidade sob o ponto de vista cristão e
eclesial” (FC n. 39). Serão assim, os primeiros anunciadores do Evangelho junto
dos filhos. Os pais, ao alargarem o seu amor para além dos vínculos da carne e
do sangue, contribuem com a dilatação da paternidade e da maternidade das
famílias cristãs, sendo desafiadas por tantas urgências do nosso tempo. (cf. FC
n. 41)
A família cristã torna-se, assim,
um santuário doméstico da Igreja, sacramento de santificação mútua e ato de
culto a Deus. É no Matrimônio e na Eucaristia que a família refaz o caminho da
conversão e da reconciliação, tornando-se educadora na oração e transbordando
na vida e na sociedade, aqueles princípios que vive na intimidade do lar. Esta
comunidade chamada família, à serviço da humanidade, deve “experimentar que o
Evangelho da família é alegria que ‘enche o coração e a vida inteira’, porque,
em Cristo, somos libertados do pecado, da tristeza, do vazio interior, do
isolamento” (Amoris Laetitia n. 200).
Mas para isso, é preciso uma atitude madura em relação à família.
Basta de reclamar do que não
conseguimos enfrentar com maturidade. Basta de querer o caminho mais curto,
mais fácil, mais indiferente. É preciso reinventar a família a partir da sua
missão, vincular a relação entre pais e filhos, garantindo que o amor seja
vivido com coragem e vigilância em nossas casas. É preciso encontrar-se com o
amor e a misericórdia de Jesus Cristo. É preciso reavivar a consciência
missionária da família na Igreja e fortalecer a transformação pastoral da
família, em nossas comunidades.
Neste tempo, que nos preparamos
para viver o Mês Missionário Extraordinário, que acontecerá em outubro, é
preciso ir ao encontro das famílias, acolhendo suas perguntas e garantindo
maior atenção a todos: os que se preparam para o sacramento do matrimônio, os
que já o vivem em plenitude e os que se encontram em situação de crise,
buscando uma luz para abrir os olhos e continuar a caminhada de amor e
responsabilidade a que se propuseram. Também há de se dirigir especialmente
para os quais o sacramento do matrimônio não faz mais sentido, assim como a
todas as circunstâncias particulares que diferem da doutrina da Igreja e
fazê-los considerar o dom do matrimônio como fonte de alegria e realização.
Que esta Semana da Família possa
nos preparar ainda melhor para descobrir que o futuro da humanidade passa pela
família. Que devemos amar, particularmente a família e descobrir os perigos e
males que a ameaçam, para poder superá-los. Que os pais conheçam seus filhos,
que os esposos criem um ambiente favorável ao diálogo e que encontrem na Igreja
a casa de benção que os leve a compreender a maravilha de ser amado e amar. Que
a família seja amada respeitada e que tome consciência de seu imenso valor.
O desafio da família cristã no mundo de hoje. Uma reflexão para aprofundar a afirmação dita em 1981: "O futuro da humanidade passa pela família!" (São João Paulo II)
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