terça-feira, 23 de julho de 2019

O FUTURO DA HUMANIDADE PASSA PELA FAMÍLIA


SEMANA DA FAMÍLIA

11 a 17 de agosto de 2019


"A família, como vai?"



“Glorifica o Senhor, Jerusalém! Ó Sião, canta louvores ao teu Deus!
Salmo 147, 12


No mês de agosto, de 11 a 17, acontecerá a Semana da Família. De modo muito especial, somos chamados a refazer aquela pergunta que animou a Campanha da Fraternidade de 1994; a mesma pergunta que fazemos quando encontramos parentes e amigos que não vemos há muito tempo: a família, como vai? Com esta pergunta, a Igreja no Brasil quer incentivar à reflexão sobre o tema tão importante da família. Há 25 anos, aconteceu em Roma o Sínodo das Famílias e o Papa São João Paulo II publicou naquela ocasião a Exortação Apostólica Familiaris Consortio, que produziu muitos frutos em meio de toda a Igreja, chamando à responsabilidade sobre a família e sua participação na Igreja. O entusiasmo daquele tempo formou a Pastoral Familiar e ampliou o contexto da família, a partir da Amoris Laetitia, Exortação Apostólica publicada pelo Papa Francisco em 2016.

Dirigir os holofotes sobre a família, início e célula da sociedade, é comprometer-se com incluí-la no centro das ações eclesiais. Assim como não é possível a Igreja sem a Sagrada Família de Nazaré, Jesus, Maria e José, também não é possível a Igreja sem a família. E a família deve ser, na Igreja, pensada e conduzida a partir da juventude. Os jovens precisam ser orientados num sentido maior do amor, na doação generosa de suas vidas ao outro, na partilha de seus afetos aos filhos. O entusiasmo da juventude, portanto, deve ser dirigido à responsabilidade decorrente de escolhas maduras que abram caminhos certos à família.

O tema da semana da família deste ano quer nos desacomodar e questionar a própria existência da família na Igreja e na sociedade. A boa nova do Evangelho traz para o centro, o amor humano. Coloca o homem e a mulher em grau máximo de responsabilidade pelas suas vidas e pelas vidas novas que geram. É preciso redescobrir a beleza da família a partir da Iniciação à Vida Cristã, que somente tem sentido pleno e realizador, quando alicerçada numa família que é testemunho real e sincero de sua busca pelo Senhor, “enquanto ele se deixa encontrar” (Is 55,6).

A realidade da família contemporânea encontra desafios que incluem a vocação dos filhos e a defesa da vida como elementos basilares. O matrimônio, enquanto plano de Deus (Gn 1,26-31), nos aponta o caminho de amor e acolhida que Deus tem no para o gênero humano. “Deus criou o ser humano à sua imagem, à imagem de Deus o criou, homem e mulher os criou. E Deus os abençoou” (Gn 1,27-28a). O plano divino confere ao homem e à mulher, a missão de “encher a terra” (Gn 1,28), dando como alimento, tudo o que ele mesmo produziu para o homem e a mulher, sinais de seu amor por toda a criação.

A partir dos laços naturais da carne e do sangue, como nos diz o São João Paulo II, a família cristã é chamada a fazer a experiência de uma comunhão nova e original, que confirma e aperfeiçoa a comunhão natural e humana (Familiaris Consortio, n. 21).  Um destes momentos fundamentais, como nos diz o Papa das Famílias, é construir uma comunhão de pessoas, fazendo da família (...) um lugar onde vemos surgir o cuidado e o amor para com os mais pequenos, dos doentes e os anciãos. Também ela é um local onde todos os membros são chamados a “construir uma comunhão (...) mediante o amor e o respeito. A autoridade dos pais sobre os filhos, portanto, é irrenunciável como um “ministério” verdadeiro e pessoal, ou seja, um serviço ordenado ao bem humano e cristão dos filhos” (FC, n. 21). A educação para a liberdade verdadeiramente responsável é um dos urgentes desafios aos pais na formação familiar em nossos dias.


“Pois reforçou com segurança as tuas portas, e os teus filhos em teu seio abençoou”.
Salmo 147, 13

Deste modo, “o dever de educar mergulha as raízes na vocação primordial dos cônjuges à participação na obra criadora de Deus: gerando no amor e por amor uma nova pessoa, que traz em si a vocação ao crescimento e ao desenvolvimento, os pais assumem, por isso mesmo, o dever de ajudar eficazmente a viver uma vida plena” (FC, n, 36). São João Paulo II, que muito escreveu sobre as famílias ao longo de seu pontificado, nos alerta ainda que “o direito-dever educativo dos pais se qualifica como essencial, ligado como está à transmissão da vida humana; como original e primário, em relação ao dever de educar dos outros pela unidade da relação de amor que subsiste entre pais e filhos: como insubstituível e inalienável e, portanto, não delegável totalmente a outros ou por outros usurpável” (FC, n. 36). Assim, o que caracteriza a educação dada pelos pais é o amor paterno e materno, como fundantes das características próprias do cristão: a caridade como fonte de uma alma que procura a Deus. Por outro lado, a marca indelével dos valores e do caráter dos filhos, é essencial para dar forma à vida familiar saudável.

Pais e mães são chamados a educar os filhos para os valores essenciais da vida humana, de modo próprio, sendo “a primeira e fundamental escola de sociabilidade”. Neste contexto, é “absolutamente irrenunciável a educação à castidade”, “opondo-se firmemente a certa informação sexual desligada dos princípios morais, tão difundida, que não é senão uma introdução à experiência do prazer e um estímulo que leva à perda – ainda nos anos da inocência – da serenidade, abrindo as portas ao vício”. (FC n. 37)

Aos pais ainda é dada a nobre missão de educar os filhos a “todos os conteúdos necessários para o amadurecimento gradual da personalidade sob o ponto de vista cristão e eclesial” (FC n. 39). Serão assim, os primeiros anunciadores do Evangelho junto dos filhos. Os pais, ao alargarem o seu amor para além dos vínculos da carne e do sangue, contribuem com a dilatação da paternidade e da maternidade das famílias cristãs, sendo desafiadas por tantas urgências do nosso tempo. (cf. FC n. 41)

A família cristã torna-se, assim, um santuário doméstico da Igreja, sacramento de santificação mútua e ato de culto a Deus. É no Matrimônio e na Eucaristia que a família refaz o caminho da conversão e da reconciliação, tornando-se educadora na oração e transbordando na vida e na sociedade, aqueles princípios que vive na intimidade do lar. Esta comunidade chamada família, à serviço da humanidade, deve “experimentar que o Evangelho da família é alegria que ‘enche o coração e a vida inteira’, porque, em Cristo, somos libertados do pecado, da tristeza, do vazio interior, do isolamento” (Amoris Laetitia n. 200). Mas para isso, é preciso uma atitude madura em relação à família.

Basta de reclamar do que não conseguimos enfrentar com maturidade. Basta de querer o caminho mais curto, mais fácil, mais indiferente. É preciso reinventar a família a partir da sua missão, vincular a relação entre pais e filhos, garantindo que o amor seja vivido com coragem e vigilância em nossas casas. É preciso encontrar-se com o amor e a misericórdia de Jesus Cristo. É preciso reavivar a consciência missionária da família na Igreja e fortalecer a transformação pastoral da família, em nossas comunidades.

Neste tempo, que nos preparamos para viver o Mês Missionário Extraordinário, que acontecerá em outubro, é preciso ir ao encontro das famílias, acolhendo suas perguntas e garantindo maior atenção a todos: os que se preparam para o sacramento do matrimônio, os que já o vivem em plenitude e os que se encontram em situação de crise, buscando uma luz para abrir os olhos e continuar a caminhada de amor e responsabilidade a que se propuseram. Também há de se dirigir especialmente para os quais o sacramento do matrimônio não faz mais sentido, assim como a todas as circunstâncias particulares que diferem da doutrina da Igreja e fazê-los considerar o dom do matrimônio como fonte de alegria e realização.

Que esta Semana da Família possa nos preparar ainda melhor para descobrir que o futuro da humanidade passa pela família. Que devemos amar, particularmente a família e descobrir os perigos e males que a ameaçam, para poder superá-los. Que os pais conheçam seus filhos, que os esposos criem um ambiente favorável ao diálogo e que encontrem na Igreja a casa de benção que os leve a compreender a maravilha de ser amado e amar. Que a família seja amada respeitada e que tome consciência de seu imenso valor.

Um comentário:

  1. O desafio da família cristã no mundo de hoje. Uma reflexão para aprofundar a afirmação dita em 1981: "O futuro da humanidade passa pela família!" (São João Paulo II)

    ResponderExcluir